8 de março de 2024
O mundo está repleto de trilhos de longa distância que te permitem divagar com o ritmo do movimento ao longo de semanas ou meses. No entanto, nem todas as pessoas têm meses para dedicar a uma aventura ou o desejo de um esforço tão prolongado. Mas e se quiseres realmente conhecer estas rotas icónicas, e considerares apelativa a ideia de viver uma aventura mais ao teu estilo? Bem, para as pessoas que nos leem, deixamos aqui algumas ideias inspiradoras.
A Via Alpina tem mais de 5000 km e atravessa oito países. Se caminhassem do início ao fim sem dias de descanso levariam praticamente um ano, com passagem em cenários remotos de altitude elevada, com grandes distâncias diárias. É uma caminhada que precisa de tempo, boa forma física e experiência em trilhos técnicos.
Opta por distâncias mais curtas, a altitudes mais baixas, ou usa-a como inspiração para a tua própria versão de aventura nos Alpes. Por exemplo, esta secção próxima de Trieste na Itália segue contornos mais suaves do que algumas das secções alpinas mais elevadas e cruza estradas, o que facilita o acesso à mesma. Também podes encurtar a rota, o que te permite uma aventura em altitude elevada que pode ser concluída num período mais compatível com a tua atividade profissional.
Desde a ponta da Noruega até à costa sul de Portugal, este trilho tem cerca de 7600 km e evita ao máximo estradas alcatroadas e muito movimentadas. As paisagens variam imenso, como seria de esperar ao atravessar 10 fronteiras internacionais, e vão desde as florestas nórdicas às paisagens desérticas de Espanha. O acesso a comodidades e serviços também é variável.
A boa notícia é que existem diversas formas de tornar esta ENORME rota mais ao teu gosto. Escolhe as secções menos técnicas e mais planas, com bom acesso a povoações. Por exemplo, a 13.ª Etapa, que atravessa as florestas nas proximidades de Gotemburgo, na Suécia. Em alternativa, a 24.ª Etapa através da cordilheira Jura, em França, é uma volta difícil, mas caramba, que vistas! Além disso, existem cabanas onde dormir e fauna selvagem com fartura para admirar. Grandes aventuras em menos dias.
Atravessar os Alpes pelos próprios meios é um desafio emblemático, e é uma aventura clássica com muitas variações. Praticamente todas as rotas têm início no sul da Alemanha, atravessam os Alpes austríacos e chegam à Itália após duras subidas e muitas montanhas remotas. Algumas são melhor conhecidas que outras e, para os caminhantes, a E5 Trans Alp é emblemática; muitos BTTistas preferem a Joe Route.
Temos boas notícias para quem tem menos tempo! Quer escolhas atravessar os Alpes a pé ou de bicicleta, tanto a rota E5 como a Joe Route podem ser concluídas em pouco mais de uma semana. Contudo, é uma semana difícil, com bastante elevação. Para caminhantes que preferem um centro de gravidade mais baixo, o Trilho Rheinsteig substitui as vistas do alto com cenários próximos do rio e delícias gastronómicas. Os ciclistas podem substituir a gravilha e singletracks em elevada altitude pelos castelos e ruínas romanas num percurso de três dias, o trilho Taunus.
Estes caminhos em Espanha são rotas tradicionais de peregrinação – e sim, são vários. Contudo, a dada altura, todos os trilhos para Santiago de Compostela encontram a emblemática rota de peregrinação, o Caminho Francês, com 780 km até à catedral da cidade. São 30 dias de caminhada em estradas bem sinalizadas, normalmente estradas largas de gravilha, ou, se preferires, de bicicleta (a rota é partilhada por caminhantes e ciclistas).
Ao contrário de algumas rotas alpinas mais selvagens, o Caminho de Santiago é uma maravilha cultural através dos campos de Espanha, com bastantes comodidades ao longo da rota e peregrinos com quem partilhar a aventura. O melhor é que podes desfrutar desta experiência, mesmo que não tenhas um mês disponível. Sente a camaradagem e cultura (já para não falar do certificado oficial) ao caminhar ou pedalar apenas na última etapa. Para teres acesso ao certificado de peregrinação, deves caminhar os últimos 100 km (ou 200 km se pedalares) numa rota oficial do Caminho.
O trilho nacional mais longo da Grã-Bretanha pode não te levar a terrenos em grandes altitudes, mas caminhar 24 km de caminhos estreitos nos penhascos rochosos, num único dia, não é para todos. Se te comprometeres com a rota completa de 1000 km - quase dois meses de caminhada – a elevação também fará a diferença. Vistas para o oceano e mariscadas são uma boa recompensa... mas dois meses é imenso tempo longe do trabalho.
Se quiseres algo mais descontraído, vais gostar de saber que o SWCP não tem apenas subidas acentuadas, descidas íngremes e troços irregulares e rochosos. Não há como evitar a elevação, mas existem secções de trilhos largos e planos no campo e também secções de gravilha. Se quiseres aproveitar ao máximo as vistas espetaculares, podes combinar as etapas 48, 49, e 50 para uma pequena aventura de vários dias na Costa Jurássica.
Ir de Land’s End a John O’Groats (LEJOG) é mais um conceito do que uma rota, mas é um ritual de passagem para muitos aventureiros do Reino Unido. Não é uma tarefa fácil, com 1000 km (e um clima tipicamente britânico). Se quiseres dar tudo, faz tudo de uma assentada ou em todo-o-terreno, seguindo o GB Divide, uma versão indireta da rota, repleta de singletracks e doubletracks.
Se não tens tempo para pedalar todo o Reino Unido numa rota LEJOG, podes recriar a satisfação de uma rota de ponta a ponta e pedalar pelo Reino Unido. Uma das versões mais acessíveis de uma volta de costa a costa é o Trans-Pennine Trail. Esta é uma rota muito bem sinalizada que acompanha rios, canais e velhas ferrovias, com uma elevação pouco acentuada que podes fazer confortavelmente numa semana de férias.
O Trilho do Colorado (CT) pode não receber o mesmo tipo de apreço que os trilhos Pacific Crest, Continental Divide, ou Appalachian Trail, mas tem o seu mérito próprio. São 860 km do bom e do melhor – montanhas, prados e florestas. Não existem secções para «encher chouriço». Surgiu inicialmente como um trilho de caminhada, mas uma versão (ligeiramente adaptada) tem sido utilizada pela comunidade BTT. Toda a gente que adora as montanhas e gosta de desafios adora esta rota.
Se comparares este trilho ao Pacific Crest Trail, que um caminhante demora seis meses a percorrer, uma caminhada de um mês ou 10 dias de BTT no Trilho do Colorado já parece ser a versão resumida. Mas podes encurtá-la ainda mais. A embaixadora Lael Wilcox escolheu um segmento de 5 dias para caminhar e tu podes fazer o mesmo, a pé ou de bicicleta.
Para ciclistas sem aptidão ou desejo por trilhos técnicos, a volta de bicicleta na Route 66 proporciona outro tipo de desafio. Com caminhos e estradas pavimentados, com muito mais opções de dormida e refeição, continua a ser uma rota extensa, mas mais acessível, se pedalar por trilho técnicos não for o que mais aprecias.
Foto #2 "Europe" por Yvo In Den Bosch